domingo, 6 de janeiro de 2008

Fábrica de eletrodos

TARTAGLIA


A experiência adquirida por Césare Augusto Tartaglia na Tartaglia & Souza, cuja existência foi curta, e na Fábrica de Enxadas Tarza, por algumas décadas; os estreitos contatos com diretores e técnicos de grandes empresas como os da White Martins, Hime, Aços Villares, e principalmente da Belgo Mineira (Dr. Louis Ensch, Dr. Hein, Dr. Mayer e outros), incentivaram-no á ambiciosa iniciativa de criação de uma fábrica de eletrodos em Raul Soares.
Na Tarza já vinha sendo utilizado um processo inédito de calçamento de enxadas, através de eletrodos, cuja fórmula fora idealizada por Césare na década de 40. O empresário imaginou fazer a recuperação de lâminas de trator com um eletrodo especial, que chamou “ponta de diamante”. Os executivos da White Martins informaram-lhe que a empresa deveria paralisar as atividades de sua fábrica e poderiam transferir para ele algumas das máquinas que ficariam ociosas. Uma prensa de elevada capacidade de pressão interessou a Césare. A White Martins poderia comprar mensalmente boa parte da produção, com a marca Brinarc, que desejava continuar comercializando. A proposta se concretizou, a prensa foi comprada por Césare e os eletrodos que veio a fabricar tinham na embalagem a marca de fantasia Brinarc, o nome do fabricante (Tartaglia) e o local de fabricação do produto (Raul Soares).
Césare procurava suprir as deficiências técnicas e de equipamento de sua fábrica com muito trabalho e criatividade. Contou com a colaboração de um grande mecânico e amigo, que se especializara na confecção de matrizes de aço na fábrica de enxadas, o saudoso Joaquim Mateus. Mas, faltava algo mais para que a fábrica deslanchasse, um certificado do Loyd´s Register que possibilitaria vendas para a indústria naval. Com a sua habitual coragem e pertinácia Césare partiu para a empreitada com a ajuda do irmão Pipe, exímio soldador. Os corpos de prova solicitados foram preparados com esmero; foram aprovados em muitos testes, mas não em todos. O motivo: Falta de condições para importar máquinas de melhor qualidade e precisão que certamente sanariam as deficiências dos eletrodos fabricados.
Já idoso, com esgotamento físico e psicológico, das lutas empresariais, Césare decidiu passar adiante as suas idéias e a fábrica de eletrodos.
Após algum tempo, que não sei precisar se meses ou anos, o adquirente da empresa paralisou as suas atividades.

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