A placidez e a tranqüilidade de São Sebastião de Entre Rios foi sacudida nos primeiros anos do século XX pela chegada das locomotivas e vagões da estrada de ferro. Era o progresso que batia às portas do mais promissor distrito de Rio Casca.
O pontilhão construído sobre o rio Santana, era o portal de acesso a área central do lugar. Para que fosse possível a implantação do serviço ferroviário houve a colaboração da população. Terrenos foram doados para o assentamento dos trilhos e construções, como a estação ferroviária no centro da localidade, hoje se constituindo patrimônio histórico e cultural de Raul Soares.
A chegada do “trem de ferro” trouxe para a vida social, política e cultural uma categoria profissional importante ao desenvolvimento do lugar: os ferroviários.
O Agente da Estação tinha a responsabilidade de zelar pelo bom andamento dos serviços. A ele cabia a liberação de vagões, muito disputados e requisitados previamente, para embarque da produção local destinada às grandes praças do país.
Em 1950, a expansão da Industrial São Sebastião S/A, levou a indústria para uma área considerada rural, adquirida da família Chaves. O nome dado à rua onde se localiza a Tarza - Francisco Martins Chaves - é uma homenagem ao antigo proprietário do terreno que hoje constitui o progressista e valorizado Bairro Tarza.
Estreitaram-se, então, os contatos entre a São Sebastião e a Leopoldina. Foi construído pela estrada de ferro um desvio para vagões, cedido em comodato, para utilização em cargas e descargas. Ali chegavam barras de aço e outros insumos; e o óleo combustível, que, através de canalização subterrânea, supria os fornos da fábrica, que se transferira das acanhadas instalações da rua Camilo de Moura.
Valendo-se do amistoso relacionamento os dirigentes da Fábrica de Enxadas Tarza - Armando Sodré e Césare Tartaglia - obtiveram da Estrada de Ferro Leopoldina a permissão para a construção de duas passarelas: uma, ao lado dos pontilhões do Bairro Tarza e a outra, ao lado pontilhão da Rua Bom Jesus.
O objetivo dos empresários foi assegurar maior segurança e conforto aos empregados da indústria, e à população em geral, evitando-se-lhes o perigoso trânsito pelos dormentes dos pontilhões em cujas linhas trafegavam locomotivas, vagões e automóveis de linha, alguns deles sem horários previamente fixados. Naquela belle epoque, a maior parte dos empregados da Tarza residiam na Rua Bom Jesus o que os obrigava, para acesso ao trabalho, transitarem nos dois locais.
Um belo dia, em conseqüência da suspensão definitiva do ramal ferroviário, decorrente da abertura de rodovias, os pontilhões tornarem-se ociosos. Meros e tristes amontoados de ferro; inúteis para a comunidade.
Então, o Poder Público Municipal procurou dar uma solução política e administrativa correta para a questão transformando os antigos pontilhões em imponentes e funcionais pontes que integraram definitivamente os Bairro Tarza e Rua Bom Jesus ao centro da cidade de Raul Soares. Foi muito oportuna a providência ante boatos de que a Leopoldina venderia como ferro velho os dois pontilhões e estes seriam retirados pelos compradores.
Mais uma vez, se fez presente um velho axioma:- Na vida nada se perde, tudo se transforma.
2 comentários:
por favor, divulgue mais informações sobre Francisco martins chaves, o chico ''DOUTOR'', ele era meu bisavô sou louco para conhecer historias dele.
meu email é thiagocribeiro1@hotmail.com
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